quinta-feira, 1 de abril de 2021

Bicho Grilo - Bicho Grilo Rock (EP - 2020)

 

Acervo do artista


Eu sempre sonhei em ver a “Bicho Grilo” escrevendo músicas autorais, pois via muito talento nos músicos que formam a banda (sempre falava sobre isso com eles).

Eu os conheço desde os anos 90, quando Nova Lima tinha muita gente boa trabalhando com música. Independente do estilo, havia espaço para todos e todos se respeitavam.

Tínhamos clubes que apostavam nessas novas bandas e abriam seus espaços para eventos semanais, sempre havia um ou mais eventos na cidade.

Recordo-me de um show da banda no finado “Centro Ideal Clube”, ainda com Joãozinho nos vocais, a casa lotada, a plateia insana e o Rock’n’Roll com alta energia envolvendo a galera. Quantas saudades disso.

Esse debut como banda autoral trouxe uma nova visão sobre a banda. Os caras estavam maduros, prontos para nos deleitar com os seus frutos. Um EP é pouco para a grande expectativa, é verdade, mas foi suficiente para nos conquistar de vez.


Acervo do artista


O trabalho é muito mais que “Apenas Mais Um”, me perdoem o trocadilho. Essa canção tem sem sombra de dúvidas a pegada “setentista” que eles já mostravam nos primeiros shows, mescla de um Rock’n’Roll visceral com Rock Progressivo.

Vocais com grande versatilidade, passeando pelo Blues e Soul Music, dando ao Rock da banda uma sonoridade maravilhosa. A banda conseguiu apresentar em todas as músicas arranjos instrumentais e vocais de extrema qualidade e sinceridade com as mensagens passadas nas canções.

Minha solidão quase acabou com os primeiros acordes da “Minha Solidão” (vixe, mais trocadilhos?). Eu poderia dizer que era uma música do nosso 14 Bis ou o Violeta de Outono, mas se transforma em um Hard Rock cheio de swing, vocalizações perfeitas, trocas de cadências e dinâmicas absurdas.

A banda está em outro nível de entrosamento, os músicos respiram e pensam juntos. Lina, é uma “balada Blues” emocionante, trabalho de orquestrações bem colocadas pelo Léo, deu uma sensação muito legal da união do rock e o erudito. Os vocais de apoio bem colocados. Fernando se destacou muito nessa canção, fez um trabalho de bateria excepcional, pesado, mas sem atropelar a suavidade da balada.

Reverso é o puro e simples “Rock’n’Roll”, pois fica notório que a banda tem os dois pés nos anos 70/80, me lembrou das grandes bandas do Rock Nacional oitentista.

As letras foram escritas com muito capricho, não as comento, pois é importante que cada ouvinte tenha a sua própria percepção das mensagens. A produção do EP foi primorosa, profissionalismo acima da média.

Finalizando, essa “degustação” já nos indica que a banda pode fazer aquele álbum cheio, queremos ouvir mais da banda.

Agradeço a todos os músicos e produtores pela grande sensação que recebi ao ouvir essas canções. Fico imaginando um trabalho desse gravado em um LP, seria maravilhoso!

Sigam em frente moçada!!



Acervo do artista


Nahor Andrade (colaborador). Fã, amigo e apoiador da cultura novalimense. Compositor, vocalista e líder da banda Dynasty of Metal (ver este blog).

Links:


quinta-feira, 25 de março de 2021

Romero Bicalho - Coletânea 2006 - 2020

 

Acervo do artista


O canto do artista de um lugar


O russo León Tolstoi usou de plena sabedoria ao tecer a célebre frase – “Seja universal! Fale de sua aldeia”. Vez por outra nos deparamos com aqueles que tem sensibilidade e percepção para descrever, com a arte, os lugares onde vivem. As memórias do passado, as angústias do presente, os sonhos e incertezas sobre o futuro de nossa comunidade, nossa paisagem, nossos cursos d’água, nosso ir e vir. A finitude da vida impõe e pressiona o fator tempo em nossos pensamentos. Quem dera pudéssemos saborear as ameixas, goiabas e jabuticabas de quintais que não mais existem, vertidos em novas construções e ruas. Os banhos de cachoeiras, ainda que viáveis, cada vez mais 
restritos. Igualmente, os amores da juventude, as musas que tanto nos inspiraram no passado. O ambiente familiar, com os pais e irmãos, que tanto nos guiaram pelos valores dos quais nos orgulhamos. Sabores da cozinha de casa, que só de pensar já vem um aroma cálido, das iguarias da simplicidade, arroz com feijão ou uma simples broa de milho.



Anos atrás, ao retornar a NL, depois de quase 20 anos morando fora, conheci o Romero Bicalho, artista e compositor que adota em seu nome artístico a associação direta ao seu local de origem. Honório Bicalho, hoje bairro praticamente conectado geograficamente à sede municipal, tem sua origem na extração do ouro, desde os antigos tempos dos ingleses, que administravam a Mineração Morro Velho. Uma história rica, e marcada também por um passado triste, pelo uso de mão-de-obra escrava, em sua origem. Bicalho sempre significou para mim, um local de lazer, pela quantidade incrível de campos de futebol, coisa rara para uma cidade marcada por uma topografia acidentada, como NL. Além dos campos de futebol, uma série de chácaras e sítios ao redor foram locais de muita diversão e festas na juventude.



Honório Bicalho é também a terra natal do Romero, compositor que descreve com propriedade várias nuances de seu bairro, e também de NL. Reminiscências da vida, a relação com a família, com o sempre importante Rio das Velhas, o futebol, seja de várzea, seja o futebol do nosso Villa Nova. Bicalho está na música de Romero, com carinho, ótimas lembranças e como bom observador, com um pouco de indignação pelas mudanças impostas à comunidade e ao meio ambiente.



Acervo do Artista


A plataforma de música digital por streaming – Spotify – tem uma coletânea de gravações do Romero (link abaixo), onde suas canções em registros de 2006 a 2020 compõem uma mostra significativa de sua obra, repleta de cantigas, xotes, toadas e outras brasilidades autênticas. Nessas gravações, Romero se cerca de amigos, grandes músicos da nossa região, dentre eles e mais frequentemente, os rio-acimenses Renatinho Cosenza (viola caipira, violão, cavaco e vocal) e Cacau (contrabaixo), o santa-ritense Luciano Moreira (guitarra e violão), os raposenses Marcos Aguiar (teclas), Gustavo Gurgel (contrabaixo), Junio Shock (bateria e percussão), Leonardo (percussão) e Geraldinho (guitarra).


Sonoridades bem mineiras desse artista que se orgulha de cantar as belezas de sua terra, o que me remete à linda canção do Caetano Veloso, em sua fase pós-exílio, no início dos anos 1970s... “Todo dia o sol levanta e a gente canta ao sol de todo dia”... Adiante, Romero!



Acervo do artista


Para acessar a coletânea de músicas do Romero Bicalho no Spotify, acessar o link -





Ricardo Souza (colaborador). Novalimense, 56 anos de vida, geólogo e músico. Autor de "Caminhos" (vide este blog). Contato: racsouza@gmail.com  .


Nota do Doctor Ray: em sua trajetória a partir de 2006 Romero lançou dois CDs físicos: "Romero e Banda" (foto abaixo) com 18 faixas, a maioria autorais, e "Homenagens", EP com 4 autorais - do qual ficaremos devendo a imagem da capa, que o blogger não aceitou. Mistérios da net...


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Lislie Fiorini - Lislie Fiorini (2017)

Acervo da Artista


Não lembro a primeira vez que eu vi a Lislie. Deve ter sido num dos churrascos do Rondi Moreira, que sempre eram regados a muita cerveja, amigos de fazer inveja em qualquer um e muita música. Lá estava o Kenji aqui, sempre carregando as malditas gaitas, esperando a deixa para participar da sonzeira.

Eis que no fim do churrasco, surge esta moça de aparência delicada, reservada, franzina, para cantar uma música que eu realmente não lembro qual era, alguma pérola da MPB. Lembro que era uma música que exigia uma voz aguda. Torci o nariz (gaitistas em geral preferem os graves) e esperei pelo pior. Mas o pior não veio. Para a minha surpresa, foi de cair o queixo.

Mas era apenas uma música, pensei, mas tratava-se de uma voz, sem dúvida, muito bem treinada. Vamos prestar atenção, portanto. Veio a segunda música, jogada ensaiada, cruzamento na área com gol de bicicleta: uma versão de Valerie da saudosa Amy Winehouse.

Agora sim, estava dado o veredito. Não estava diante de uma amadora. Estava diante de uma cantora de primeira linha, das melhores da cidade (depois fui saber que não era de Belo Horizonte, mas de Nova Lima), mas não importava. Estava ali a senhorita Lislie Fiorinni.

Conheço a Lislie pouco, e faz pouco tempo. Desde então, tive a felicidade de tê-la em algumas canjas. Embora sua alma seja MPB, ela não deixa nada a dever no repertório que lhe cair nas mãos. Depois de algumas conversas e algumas pesquisas na web, conheci um pouco mais deste talento que até então tinha passado despercebido do meu radar de curto alcance.

Como dizia um gaitista irlandês, o Rory, "o sucesso repentino leva décadas para acontecer". De fato, não seria diferente. Lislie se revelou em festivais, depois se embrenhou num projeto de jazz, o Gypsy Jazz, depois lançou seu CD autoral de título homônimo ao lado de grandes nomes da música mineira, num debut de primeira no teatro João Ceschiatti, em Novembro de 2017.

Fez aparições na TV, inclusive no programa Senhor Brasil, da TV Cultura, mas foi coroada de fato quando foi selecionada como a voz do bloco carnavalesco Volta Belchior em 2019, disputando com nomes do primeiro escalão do panteão de cantoras da cidade, que diga-se, é uma cidade generosa de talentos.

A imagem que guardo pra mim da Lislie é a capa do seu CD. Sentada com um vestido vermelho generoso, pernas firmemente plantadas, de pés descalços sobre o chão de calçamento do Zigue-zague em Nova Lima, o nome delicado Fiorinni ("flor", em italiano) contrasta com a aparência diabólica e forte da foto.

Percebo que por trás da figura franzina, existe uma força e determinação que moldaram e moldam a carreira desta talentosa e ambiciosa jovem. Spoiler alert, me lembro do enxadrista de "O Gambito da Rainha", que diz para a protagonista que, apesar de amar o xadrez, ao vê-la, percebe que não tem o que é necessário para jogar contra os soberanos russos do esporte.

É assim que me sinto, como gaitista amador. Amo a música, mas quem tem o que é preciso para chegar no topo é a Lislie. Nem preciso desejar sorte, só aguardo pelo resultado inevitável.


Acervo da Artista










Leo (colaborador). Leonardo Kenji é formado em computação, trabalha como consultor da IBM e é gaitista nas horas vagas.




Nota do Doctor Ray: Lislie assina 8 das 10 composições de seu álbum gravado em outubro 2017. Lançado também em CD, tem a produção de Gilvan de Oliveira e a participação do mesmo no violão, de Ivan Correia no baixo, Célio Balona no acordeon, Felipe Moreira nos teclados, Léo Pires na bateria, Serginho Silva na percussão, Breno Mendonça no sax tenor e Danilo Brasil no trombone.

Participou das gravações do álbum Caminhos, de Ricardo Sousa (2020-2021). Empresta sua voz às faixas Memórias e Imagens, Música Não Tem Fronteiras e Aurora, que foi premiada com o 2º lugar no Festival da Canção de Nova Lima em 2019.

Links:




Uma outra informação que o Kenji me passou antes desta edição. Em 2009 Lislie e Ernane Oliveira foram premiados por suas participações no programa Vozes do Morro e tiveram a música Amarela (que mais tarde seria a faixa 7 do CD) gravada e divulgada em rádios de Minas.




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Nando Ribeiro - Voando Bem Alto (2020)

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O amor esta aí para ser fruído e trazer alegria. Esta é a mensagem de Nando Ribeiro, este jovem cantor, guitarrista e compositor nova-limense nascido em 1990. Incentivado por familiares e pessoas próximas, logo na adolescência passou a fazer parte de bandas de pop rock, inicialmente como guitarrista e posteriormente também cantando. Já nesta época escrevia suas próprias canções, motivado pelas boas experiências de palco, embora ainda não as levasse para o estúdio e para os shows.


Integrou a banda Forback em 2009, com Rafael na guitarra, Marinho no contrabaixo e Paulo Clemente na bateria, que se tornaria parceiro em futuros projetos. Posteriormente fundou a Cidadão Perdido, em que cantava e tocava violão com Fabiano Mexicano no baixo, Paulo Clemente na percussão, Pablo Joe na guitarra e Lorran na bateria.


Seu atual projeto em dupla com Paulo Clemente, o “Nando Acústico”, foi formado em 2014 para atender à demanda de bares de Nova Lima e BH, mas esteve presente em eventos cervejeiros de médio porte como Feira Fundo de Quintal em Rio Acima e Beer Fest em Nova Lima com a mesma aceitação do público.


Foi somente em 2019 que Nando Ribeiro partiu para a produção de suas canções. Após gravação e lançamento dos singles “Mil Vezes Sim”, “Moça” e “Sorrir e Agradecer”, lançou em outubro de 2020 o álbum “Voando Bem Alto”, gravado e masterizado no Estúdio Cantim com a co-produção de Vitor Diegues.



Acervo do artista


Definido pelo próprio artista como pop rock romântico, o álbum traz 10 canções inéditas com a participação de Fabiano Mexicano no baixo, Tiago Silvestre na guitarra, Paulo Clemente na bateria e Vitor Diegues nos teclados. Destaques para a suavíssima balada “Eu Você”, com os marcantes teclados de Vitor Diegues e a animada “Mil Vezes Sim”.


O papo é reto nas suas baladas românticas, mesmo nas canções com momentos mais nervosos como “Meter o Louco” e “No Meio de Tudo”. Portanto não espere digressões filosóficas ou metáforas enigmáticas. Autocomiseração também não tem lugar, o otimismo é a tônica sempre. Os elementos da narrativa parecem ser os que fazem parte da vida do compositor. O amor e a motocicleta, o bar, o “chinelin”, o rolé, o ambiente caseiro. Isto é perceptível inclusive em seus clipes: dois deles tem locações na região do bairro Buritis, em BH, onde o “Nando Acústico” frequentemente se apresentou.



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Mesmo antes de lançar suas músicas nas plataformas (o álbum está disponível nas principais), Nando já tocava suas músicas com o “Nando Acústico”. O cancelamento de eventos e diminuição da atividade em público devido à pandemia de Covid-19 não impediu a difusão por streaming, mas certamente suas músicas serão bem mais impulsionadas, assim se espera para todos os artistas, quando as condições sanitárias permitirem.


Ramon “Doctor Ray”


Links






quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Factor Kill - Factor Kill; Thrash, Thrash and Thrash; Drowning in Beer e outras



Acervo do Artista


Acervo do Artista



Acervo do Artista


Em 2009 após o fim da banda Thrasher, Alberto Hodge (baixo), Geraldo Ferreira (vocal/ guitarra) e Evandro Ricardo (bateria) ainda sedentos por metal decidem se reunir e fundam o Factor Kill. Com a proposta de fazer músicas próprias, na linha do Thrash Metal, o power trio lança em 2010 a demo auto intitulada. Em 2011 produzem o EP Thrash, Thrash and Thrash, contando com "Red Violence" da demo anterior e mais 3 músicas inéditas. 

Em 2013 Evandro sai e quem assume a bateria é Bráulio Wilton, experiente no cenário punk/hardcore novalimense. 

Em 2014 o EP Drowning in Beer sai do forno contando com três músicas inéditas, além de "Crazy for Beers" do EP anterior. No mesmo ano tem o single Nuclear Bomb. 

Em 2016, mais três músicas inéditas são lançadas num split de nome Aliança Infernal, junto com as bandas Arma, Sakhet e Atomic Bomb. 

Todas as produções foram feitas de maneira independente. 

A temática das músicas gira em torno de violência, caos, guerra, doença e morte. 

Por vezes tratam da crueldade humana, da corrupção e hipocrisia dos governantes. 


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O Power trio faz um som bem cru e direto ao ponto. Bateria rápida, guitarra com riffs e solos agressivos e baixo pesado dando a liga. Pra completar, vocal visceral, na linha de bandas thrash anos 80 como Exodus, Slayer e Kreator em seus primeiros trabalhos. 

O trabalho mais recente da banda no split Aliança Infernal trouxe mudanças no vocal de Geraldo, com uma sonoridade mais característica. 

Rápido, violento, bêbado e sujo, o Factor Kill segue fazendo metal autoral de qualidade! 


Links 

Facebook: https://www.facebook.com/factorkill/ 



Marcel Couto (colaborador): Educador e produtor musical, cantor, multi-instrumentista, proprietário do Tempus Estúdio em Nova Lima, guitarrista das bandas Plano B e Souls' Guardian, banda tradicional do metal na cidade.




Pós-edição (28/01/2020):

O post nem parou de fazer fumaça e a Factor Kill surpreende mandando mais um trabalho inédito. Confiram em:



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Ramon "Doctor Ray".

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Luís Agenor - Singles




Comparações mesmo que positivas nem sempre agradam ao artista. Menção de parentesco com outros artistas às vezes também não, principalmente por aqueles que querem acima de tudo imprimir sua marca própria no trabalho. Falaremos desta vez sobre um jovem talentoso que tem parentesco, mas não tem comparação. Este é o nova-limense Luís Agenor. 


O DNA musical se faz presente, sim senhor. Filho de Luís “7 Irmãos” e sobrinho de outros componentes desta tradicional banda de Nova Lima, Luís Agenor, o “Deco” para os amigos e família, expandiu desde cedo seus horizontes musicais. Teve o interesse pelos instrumentos despertado aos 10 anos, após conhecer os Beatles. Aos 13 anos foi convidado pelo pai para participações em seus shows. Nesta época integrou também a banda “Obra Primo”, que tocou em vários eventos de Nova Lima e mais tarde a “Olosujos”, banda que se dedica ao Carnaval. 


Apesar da bem sucedida experiência em bandas, a inclinação pela MPB e em especial pela música mineira fez com que o formato voz e violão se tornasse o seu predileto. Além do quarteto de Liverpool, The Smiths, America, Vander Lee, Roberto e Erasmo, Lô Borges são também artistas de referência. 


O trabalho autoral começou a vir a público em 2018, quando Luís Agenor iniciou parceria com seu amigo, produtor e multi-instrumentista Vítor Dieguez, do Estúdio Cantim. O resultado foi o lançamento de seu primeiro single, “Sem Mais”, com a participação de José Borges na bateria, Kadu no contrabaixo e a produção de Vítor. No mesmo ano foi lançada também “Alma-rua”, primeiro em versão acústica pelo estúdio Tempus e posteriormente a definitiva pelo Cantim, consolidando a parceria. 


Seguiram-se “Retratos” (2019), “Passatempo” e “Quem sabe” (2020). O ano de 2020 parece ter sido bastante representativo para o artista, com significativo alcance de público local, com os fãs cantando a letra de “Passatempo” ao vivo, e externo, com a execução deste single em mais de 20 países.

 


Jovem como é, a linguagem é a da galera atual, sem abusar de clichês de tribos e de rimas previsíveis. A tônica de suas baladas é o amor, que se apresenta pelo desencontro, pela saudade, pelo conflito e pela distância. As harmonias sugerem um fundo de tristeza e nostalgia, mesmo nas dançantes “Passatempo” e “Alma-rua”. Os arranjos são bem interessantes, de condução suave, com teclados, cordas, percussão e acordeon se revesando entre pausas e momentos de maior energia. 


Luís tem trabalhado em novas músicas durante o período de isolamento social, o que nos sugere que haverá novidades em breve. 



Ramon “Doctor Ray” 


Links: 







sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Bread Bag – Bread Bag (EP - 2018)

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Distintos senhores com saco de pão na cabeça – assim se apresentam os três integrantes da Bread Bag, banda de rock fundada em 2016 em Nova Lima. O início foi inusitado. Três amigos (incógnitos para o público até hoje) reunidos em um bar decidiram ir para o estúdio tocar rock dos anos oitenta e, na falta de um vocalista, resolveram um a um experimentar os microfones. O vocal gutural de um deles se mostrou a opção mais viável, o que fez com que mudassem a ideia original de tocar covers de rock clássico para compor suas próprias músicas.

O período de criação e maturação das músicas se deu até 2018, quando apresentou seu primeiro EP com 5 músicas. Acompanham a produção lyric videos e um clipe da faixa “Follow Your Way”. Sem sombra de dúvida a irreverência é a marca principal da banda. Além de terem abdicado dos créditos pessoais na composição da banda em prol da promoção de um único personagem, o simpático “Brian Bread”, a banda lançou o EP por meio de uma divertida campanha baseada em psicologia reversa. Pedia-se para não clicar no link disponibilizado pelo fictício hacker que os estaria chantageando. 

O que permitiu o humor permitiu também a flexibilidade. A banda tem sua proposta de crítica social e política, em particular ao anonimato do cidadão comum (representado pelos sacos de pão na cabeça), a indiferença dos políticos com relação ao povo e ao abuso da fé de líderes religiosos em proveito próprio, mas declara-se aberta à livre interpretação do público sobre suas mensagens cênico-musicais.


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Ao contrário do som chocho de um saco de pão, a sonoridade da banda é bem vibrante e pesada. Gravadas no Estúdio To Mega Therion em Contagem – MG, as cinco faixas de fato demonstram a influência de “tudo que tem peso e melodia” como seus integrantes declaram. Há claros componentes de heavy metal nas passagens e solos elaborados, enquanto que o vocal gutural e uma crueza básica das bases apontam para a presença de forte teor hardcore. Destaques para o quase-mantra “Stay Strong” e para “Great Business”. 

Podemos esperar o forno esquentar para breve, pois a banda anuncia retorno às gravações em 2021.




Ramon “Doctor Ray" 



Links: 

EP Bread Bag 



Canal da banda no Youtube: 


Redes sociais: 




domingo, 3 de janeiro de 2021

The Mask of Tyrant - Prison of Despair (2020)

 

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Estou retomando as postagens no Blog, após um interminável período de ocupação em outras tarefas, desmotivação e bloqueio criativo. É, não é moda hoje declarar condições pessoais contraproducentes, quando cada vez mais pipocam formulinhas de sucesso e superação na internet. 

Neste retorno nada melhor do que falar sobre uma banda estreante, mas formada por músicos experientes, e cuja base conceitual é a crítica social e política. Estou falando de The Mask of Tyrant.

O mentor do projeto é Wesley Silva, conhecido no meio como veterano baterista da Souls' Guardian. A ideia inicial era valer-se da versatilidade no trato com instrumentos e da expertise em home studio para conceber uma one-man-band, mas acabou curvando-se ao formato de banda para melhor execução de suas canções. Após alguns percalços normais de entrada e saída de componentes, ele assumiu a bateria da The Mask que conta hoje com os guitarristas Evandro “Paranoid” e Erick “Heeks” nas guitarras, Bernardo Clemente, com ampla experiência em hardcore e suas nuances (Bermes, Sleeping Bags, Mandacaru etc) no contrabaixo e Fred Assis, com várias participações em bandas covers nos vocais.

O resultado sonoro é prova de que Wesley, além de exímio baterista e compositor entusiasmado, tem habilidade para coletar talentos. Seguiu-se ao momento de formação um período de intensa produtividade e colaboração entre os componentes, mesmo já em tempos de pandemia. Do tipo que impulsiona o vocalista a enviar prévias de músicas às 3 da madrugada.


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O que se ouve em “Prison of Despair” (2020), seu primeiro álbum, é um som pesado, homogêneo e convincente, que fará os mais experientes identificarem influências das guitarras dobradas do Iron Maiden, intros quase narradas que lembram Megadeth e mesmo arranjos incomuns para o estilo como os de EZO, banda produzida por Gene Simmons no final dos oitenta. A banda define o Metal como orientador, admitindo diversos subgêneros como progressivo, melódico, heavy, power e thrash. Como já dito acima, a crítica social e política é a base conceitual das letras das 12 faixas constantes do álbum. Percebe-se uma preocupação com os detalhes na narrativa, e a intenção de provocar reflexão do ouvinte para as armadilhas que o tornam colaborador de um sistema de opressão, ilusão e despersonalização. Se pudéssemos resumir a mensagem da banda, seria “Fuck the System!”, frase cravada em “Slave to the System”, uma de suas faixas principais. Destacam-se também “Graveyard Carnival” e a faixa-título “Prison of Despair”.

Tudo isto foi gravado em alta qualidade de som em home studio da “Hell Uai”, produtora de Wesley. O recolhimento requerido pela pandemia parece ter feito muito bem a The Mask, pois a banda continua produzindo material novo, o que nos sugere que mais um álbum (pelo menos) venha por aí. E que venha! O som maduro da banda estreante comporta muito mais estrada.


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Ramon “Doctor Ray”.


Links para fanpage, mídias sociais e plataformas em que se pode escutar na íntegra o álbum “Prison of Despair”: https://linktr.ee/Themaskoftyrant 


Matéria no Whiplash: https://whiplash.net/materias/news_735/327542-maskoftyrant.html



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Marcelo Cavalieri - Microcantos Macrocosmo, Anturia - Epifania e outros

 



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Marcelo de Castro Cavalieri, 36 (quase 37 anos), é conhecido na região de Nova Lima por suas diversas facetas artísticas, seja através dos seus livros (são 14 ao todo, sendo um deles em espanhol), de seu trabalho na saudosa TVNL, de suas atuações dramatúrgicas (já atuou em filmes, curtas, seriados, videoclipes e até chegou a participar de um reality show em outro pais), mas provavelmente a face artística mais conhecida dele nas nossas redondezas é a musical, que é sobre a qual falaremos aqui!

Desde bem jovem Marcelo sempre demonstrou interesse em explorar sua criatividade musical. Com 12 anos, reunia-se com os primos e uns baldes para batucar e escrever músicas. Com 15 anos, iniciou ao lado do amigo Ângelo Perna a banda Metalblood. Com a entrada de Pedro Campos e Diego Luciano, a banda começou a tomar forma, porém Pedro saiu pouco tempo depois, e a formação fechou em um trio, com Marcelo no baixo e Diego na guitarra, ambos revezando os vocais, e Ângelo na bateria. Foi o embrião do que pouco tempo depois viria a se tornar a banda H.A.V.O.C., que desde sua primeira apresentação já contava com uma música autoral, chamada “Obey the Speaker Guitars”. O repertório da banda, que mesclava covers que iam de Ultraje a Rigor a Metallica, inevitavelmente foi cada vez mais se orientando pela vertente do heavy/trash/death metal, à medida que as demais canções autorais eram finalizadas e lançadas no meio do repertório. A banda chegou a finalizar cinco músicas autorais (além da já citada “Obey the Speaker Guitars”, integravam o repertório da banda as músicas “Singing For The Death”, “Lost in the Shadows”, “Second Mind” e “Rebel Soul”). A banda se apresentou em diversas ocasiões entre 1998 e 2003, porém infelizmente não há registros gravados deste material autoral.

No ano de 2002 Marcelo montou outra banda para tocar músicas que ele compôs em português. Surgiu assim a CAVALIERI, que contava com Lucas Emanuel na guitarra, Rafael Branco no baixo e Dedé Freitas na bateria (Marcelo nesta banda estava mais focado nos vocais, mas as vezes fazia segunda guitarra). As influências das músicas eram diversas, sendo provavelmente o rock psicodélico a maior delas, não apenas nesta banda, mas nas bandas que viriam a seguir na carreira musical do cantor, uma vez que várias das canções concebidas durante este período foram usadas em projetos posteriores, sendo provavelmente a mais conhecida delas a “Astronauta de Saturno” (que foi regravada em diversos  projetos seguintes, como Araújo e Banda Vagalume, Clandestinos e Anturia).

No ano de 2004, Marcelo iniciou uma parceria com o músico e compositor Heleno de Paula, batizada como CLANDESTINOS, porém Marcelo morou por um tempo em São Thomé das Letras e Heleno em Trancoso (Bahia), de forma que as apresentações ficaram restritas as oportunidades em que se encontravam. Entre idas e vindas, voltaram a se estabelecer em Nova Lima, tiveram diversas formações e chegaram a rebatizar o projeto com nomes como EX-CLANDESTINOS e KADUM.

Em meados de 2011, 2012, a parceria teve fim com o retorno em definitivo de Heleno para Trancoso, e Marcelo iniciou as gravações de seu primeiro álbum. Chamado “Microcantos - Macrocosmos”, o CD foi lançado em 2012. Nessa mesma época, em paralelo, Marcelo montou a banda Orait, que executava diversas faixas do seu disco solo. As apresentações da Orait, que contava com Marina Souza nos vocais, traziam, além das músicas autorais do Marcelo, interpretações de canções consagradas por vozes femininas como Joan Osborne e Elis Regina.

Em 2015 Marcelo seguiu para outro projeto em parceria com a cantora Ju Novaes, batizado de ANTURIA, que gravou um CD - Epifania - na mesma época! A banda seguiu se apresentando até 2016, quando encerrou atividades, e pouco tempo após o término da banda Marcelo encarou o desafio de sair viajando pela América do Sul afora, buscando novas inspirações etc.

Hoje Marcelo vive em Bogotá, Colômbia, onde trabalha como ator, já tendo sido requisitado para diversos papéis em filmes e videoclipes. Além de integrar uma banda chamada A Sangre Y Fuego, que toca um material autoral no estilo hardcore (estão finalizando as gravações), o músico/cantor/ator segue compondo suas canções, algumas em espanhol também (ver abaixo link do novo single, de um álbum que está em planejamento), e em breve deve nos surpreender com novidades!

                                                 

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Para conhecer os trabalhos gravados do Marcelo, acesse:

 

Spotify do Anturia:

 

https://open.spotify.com/artist/4znUz5wq0SZh3ZKrKHdtw5?si=hVvOVHXwQQWKOgbOMKylaQ

 

Canal do Marcelo Cavalieri no SoundCloud :

 

https://soundcloud.com/marcelo-cavalieri

 

Videoclipe da música “Dorotea” da banda A Sangre Y Fuego:

 

https://youtu.be/tt6AAxGnw18

 

Novo single “Sem Expectativas”:

 

https://youtu.be/no_q12z9Kmc


Dedé Freitas (colaborador) - Atua na cena musical novalimense há 23 anos como baterista e vocalista. Atualmente toca bateria nas bandas Maverick, Cogumelus Derrapantis e tem um projeto de apresentações em bares e restaurantes também chamado "Dedé Freitas".


quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Dynasty of Metal - Motus Perpetuus, Warriors of the King, Step by Step e outros

 

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A terra do ouro também é a terra do ferro, e porque não do heavy metal? Nascida dentro da fusão “fé, amizade e metal” a banda Dynasty of Metal que começou em 1996 com um grupo de jovens da Comunidade Evangélica de Nova lima, é uma das mais antigas expressões metálicas da cidade. Formada por Nahor, Daflas, Anderson e Marco Aurélio, e tendo no decorrer dos anos várias formações, a Dynasty representa o que temos de mais sólido e bem feito no estilo, uma vez que já são 24 anos ininterruptos, tanto nos shows, como com produções de altíssimo nível. 

A banda é herdeira da tradição Inglesa de se fazer heavy metal, tradição essa que nos deu Judas Priest, Iron Maiden, Venon , Uriah Heep , Black Sabbath e tantas outras. Suas letras abordam desde assuntos ligados a sua terra natal Nova Lima e a exploração do ouro, como temas espirituais da religiosidade cristã. 

Ao todo são 3 tours na America Latina, tocando no Chile, Argentina, Equador, Bolívia, Uruguai e Peru, 3 cds demos, e 3 álbuns cheios, fora abertura de shows para grandes nomes do estilo como: Shaman, Korzus, Overdose, André Matos , Petra, Stryper e S.O.B. (ex Saxon). A Dynasty é como nosso querido Villa Nova, que por onde vamos as pessoas nos perguntam e dizem admirar, e com isso o nome de Nova Lima vai sendo honrado e lembrado. 

A pessoa responsável por manter essa chama acesa é o frontman Nahor Andrade que além de fundador, é o único membro que mora em Nova Lima e trabalha também toda parte de marketing e merchandising. 

Segundo informações atuais a banda está em período de gravação do novo álbum “Inspiration”, com que presenteará os fãs com um disco de covers das bandas que foram importantes em sua trajetória.



Discografia:

Into Righteousness – 1997 (demo-tape)

The Angels Return – 1999 (demo-tape)

Following the Sign – 2001 (EP)

Motus Perpetuus - 2004,

Warriors of the King - 2010

Step by Step - 2017



Formação atual:

Nahor Andrade – Vocal

César Martins – Guitarra

Tiago Vitek – Bateria

Filipe Otavio – Guitarra

Tiago Sieg - Baixo



Eduardo Vaz (colaborador) – Servidor público, geógrafo, teólogo e baterista. Promotor cultural desde os anos 90 tendo implementado um dos primeiros festivais de rock em Nova Lima na antiga sede do Retiro, Restaurante Tropicália e Bar do Brotinho.



Links:

Into Righteousness:

https://open.spotify.com/album/2SVYx1sxJVNa5c8RFJGlsG

Motus Perpetuss:

https://open.spotify.com/album/1pZHK2cJ47ksJ5VpdMaaLX

Warriors of the King:

https://open.spotify.com/album/7EXuHmL9ij7MN3DP9DrR09

Step by Step:

https://open.spotify.com/album/4BseXIJtxOEcM8lGO9t6ux

Canal oficial no YouTube:

https://www.youtube.com/channel/UC7PozABttrynQJrkqovM49A








quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Ricardo Souza - "Caminhos"

 

Acervo do artista

Acervo do artista





Percebe-se facilmente a imensidão de possibilidades no universo da música. Letras, acordes, melodias, métricas, timbres, arranjos, instrumentos, texturas, ritmos e muito mais! 

Alguns artistas permeiam bem as diversas vertentes deste universo, passeando sem muitos percalços, inclusive em ambientes considerados antagônicos. 

Mas somente alguns poucos músicos conseguem cooptar nuances múltiplas deste vasto universo, traduzindo-as em influências, às vezes escancaradas, às vezes de forma insinuada em um processo de composição. 

Este é o caso de Ricardo Souza em seu álbum de estreia, “Caminhos”, obra que eleva a música para além dos rótulos convencionais criados pelo mercado musical. 

O disco está prestes a ser lançado este ano (previsto para outubro de 2020), e foi gravado principalmente no estúdio CANTIM , por Vitor Dieguez , que assina a co-produção ao lado de Manassés Morais e do próprio Ricardo. 

Das nove músicas disponíveis numa playlist prévia do álbum , sete são músicas instrumentais e duas canções , uma em parceria com Flávio Mota (Memórias e Imagens) , e outra com letra a quatro mãos (Aurora, letra de João Diniz e Flávio Mota) . Coube a Lislie Fiorinni emprestar sua belíssima voz às interpretações das mesmas. 

Para composição de seu caldeirão sonoro, Ricardo cercou-se de um heterogêneo grupo de talentosos músicos, com estilos e instrumentos diversos, que tiveram a difícil missão de materializar em sons todos os seus anseios criativos. O que se viu nas gravações foi puro deleite por parte de todos, muitas vezes atuando em conjunto, sem se conhecerem propriamente. 

O resultado final, por mais paradoxo que possa parecer, é de uma identidade clara, um DNA deste músico que sempre privilegiou a riqueza harmônica aos exibicionismos das notas velozes. 



Ely da Conceição Souza Júnior (colaborador) - Engenheiro e guitarrista da Banda OTN. Lançou em 2014 o CD "Demotape".




Link:

(Atualizado em 04/01/2020)


Pós-edição (28/01/2020): Confiram a entrevista concedida por Ricardo Souza a Tutti Maravilha, renomado divulgador da música brasileira, em particular a das Minas Gerais:


 

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